Após período de suspensão de atividades em prevenção à Covid-19, Aliança Contra a Hanseníase retoma projetos e lança estratégias de ação online
O Instituto Aliança Contra a Hanseníase – AAL na sigla em Inglês (Alliance Against Leprosy) está retomando as atividades de conscientização, treinamento e incentivo à pesquisa em hanseníase no Brasil. Após um período de suspensão preventiva em decorrência da pandemia do novo coronavírus, a diretoria da instituição está ajustando novas estratégias para retornar as atividades em segurança.
A partir de agosto de 2020, a presidente e fundadora do AAL, Dra. Laila de Laguiche, lança uma série de novos projetos e parcerias nacionais e internacionais que vão possibilitar que a instituição continue avançando no treinamento de profissionais de saúde e assistência aos pacientes mesmo em tempos de distanciamento social. Por meio de parcerias inéditas e ações inovadoras viabilizadas pela tecnologia, a instituição vai ampliar o impacto no Mato Grosso, umas das regiões mais sensíveis à hanseníase no Brasil e continuar prestando assistência sem ignorar as recomendações para controle da pandemia. “Estamos procurando novas alternativas; as tratativas com o governo continuam e estamos preparando possibilidades para oferecer atendimento com hansenólogos por telemedicina em regiões sensíveis à doença”, antecipa a presidente. “Temos a esperança de realmente fazer a diferença em parceria com as autoridades públicas de saúde”.
Hanseníase pós pandemia: alerta para reforço no enfrentamento à doença
“A situação mundial da hanseníase agora é muito inquietante”, afirma a presidente do AAL. Diferente da Covid-19, a hanseníase possui tratamento eficaz e medicamentos que são subsidiados pela saúde pública. Entretanto, os pacientes contaminados vivem na invisibilidade, são vítimas do diagnóstico tardio e ainda precisam enfrentar a segregação social – fruto do preconceito e falta de conhecimento sobre a doença. Doença que contamina em média 30 mil brasileiros por ano, mas é conduzida de forma negligente, desconhecida pela maior parte dos brasileiros. Em 2020, o problema tornou-se sobreposto pelos novos desafios impostos de forma imprevisível, rápida e agressiva pelo novo coronavírus.
As notícias não são boas. Segundo a hansenologista Dra Laila de Laguiche, o enfrentamento à hanseníase será ainda mais desafiador, principalmente pela relação da doença com um recorte de desigualdade social tão evidente no 7º país mais desigual do mundo. “Sabemos que infelizmente a hanseníase vai aumentar no Brasil porque nosso IDH vai baixar. Infelizmente com essa crise econômica vai vir junto o aumento da pobreza e a da miséria; e sabemos que a doença está ligada às más condições de saúde e assistência, inclusive de moradia”, alerta.
Com os holofotes todos voltados para a crise mundial, a prioridade é a contenção da pandemia; assim, muitos setores da saúde estão sendo negligenciados, o que se agrava no caso da hanseníase que já era uma doença negligenciada. Novas medidas, como a liberação de medicamentos a cada 60 dias, devem mitigar os efeitos da exposição dessas pessoas, porém, o acompanhamento médico torna-se mais precário e pacientes com reações medicamentosas podem ficar desassistidos. Há ainda o alerta em relação àquelas que contraem Covid-19 em conjunto com a hanseníase, agravando o caso.
A AAL está atenta a todos esses novos desafios que se somam às demandas pré-existentes e está dispostas a unir forças com outras organizações de ciência e saúde, além do poder público, para diminuir os impactos negativos e gerar novas oportunidades para as pessoas vulneráveis. Novos projetos e parcerias serão anunciados em breve. Acompanhe pelo blog e pela newsletter da AAL.