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OMS divulga dados globais sobre hanseníase no relatório epidemiológico 2025

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, no dia 12 de setembro de 2025, os dados mais recentes sobre a hanseníase no mundo, referentes ao ano de 2024. O Brasil segue como um dos três países que mais concentram casos novos da doença, ao lado da Índia e da Indonésia, responsáveis juntos por quase 80% das notificações globais.

No total, o Brasil registrou 22.129 novos casos em 2024, uma queda de 2,8% em relação a 2023 (22.773 casos). Apesar da redução, o país permanece como o segundo com maior número absoluto de notificações, atrás apenas da Índia, que somou 100.957 novos casos. Esses números reforçam que, embora haja avanços, a hanseníase ainda representa um desafio de saúde pública no território brasileiro.

Globalmente, foram identificados 172.717 novos casos em 2024, uma diminuição de 5,5% em comparação ao ano anterior. Esse dado confirma a tendência de queda observada na última década, com uma redução de quase 20% desde 2015.

Tabela: Tendências na detecção de novos casos de hanseníase em 23 países prioritários globais, 2015–2024. Fonte: OMS, 2025

Crianças e incapacidades: sinais de alerta

O relatório da OMS mostra que a transmissão ativa da hanseníase ainda persiste. Em 2024, foram notificados 9.397 casos novos em crianças menores de 15 anos, sendo 5,4% do total mundial. O Brasil registrou 921 novos casos infantis, um indicador de que a doença segue atingindo populações jovens e de que há falhas na interrupção da cadeia de transmissão.

Outro dado preocupante é o número de casos detectados já com grau 2 de incapacidade (G2D), que indica diagnóstico tardio. O Brasil notificou 2.236 novos casos com incapacidade grave em 2024, o que representa mais de 10% do total de novos registros no país. Globalmente, esse percentual foi de 5,3%.

Desafios para o Brasil

Embora o Brasil tenha apresentado redução no número total de novos casos, os índices de transmissão entre crianças e de incapacidades evidenciam a necessidade de ampliar estratégias de diagnóstico precoce, acesso ao tratamento e políticas de reabilitação. A hanseníase multibacilar, a forma mais transmissível da doença, representou quase 70% dos novos casos mundiais, e no Brasil, mais de 80%.

Além disso, o país enfrenta o desafio de combater o estigma social e as barreiras que dificultam a adesão ao tratamento. Em 2024, foram registrados mais de 4 mil casos de retratamento e 1.602 de recidiva apenas no Brasil, o que evidencia falhas na conclusão terapêutica e na vigilância pós-alta.

A visão do Instituto AAL

Para o Instituto Aliança Contra a Hanseníase, os dados divulgados pela OMS reforçam que a eliminação da hanseníase não é apenas uma questão epidemiológica, mas também social e de direitos humanos. O Brasil precisa fortalecer programas de busca ativa, garantir reabilitação física e psicológica, investir em tecnologia assistiva e enfrentar as desigualdades que mantêm a doença concentrada em regiões vulneráveis.

Se por um lado os números mostram avanços na redução geral dos casos, por outro lado alertam para a urgência de políticas públicas mais robustas e integradas. A luta contra a hanseníase no Brasil continua sendo um compromisso com a saúde, a dignidade e a inclusão social das pessoas acometidas.

Leia íntegra do documento aqui: https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/382656/WER10037-eng-fre.pdf

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