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Livro sobre hanseníase na prática clínica será lançado nesta terça-feira, 29

Hanseníase na Prática Clínica livro

Preocupados com a formação de profissionais capacitados para trabalhar com o diagnóstico precoce e o manejo da hanseníase, os professores e médicos Patrícia Deps, do Departamento de Medicina Social do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Ufes; Marcos Cesar Floriano, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); e Marcos Virmond, da Universidade Nove de Julho (Uninove), lançam na próxima terça-feira, 29, o livro Hanseníase na Prática Clínica. A obra será lançada às 20h15 no Canal do Editor – Editora dos Editores, no YouTube.

Os três autores são pesquisadores reconhecidos nacional e internacionalmente no estudo da hanseníase e possuem uma extensa lista de publicações científicas, além de participarem ativamente do ensino médico nas instituições de ensino superior.

Eles relatam que, apesar dos esforços realizados por grupos de profissionais e da sociedade civil, ainda é escasso o interesse da academia em estudar e se dedicar à hanseníase, que, segundo eles, continua sendo uma doença negligenciada e que aflige milhares de pessoas. “Precisamos de mais apoio e investimentos em pesquisa, desenvolvimento e disponibilização de novas ferramentas que ajudem no diagnóstico precoce da doença, na busca por novos medicamentos e por maiores avanços no conhecimento da hanseníase, que é uma doença endêmica no Brasil e presente em mais de 100 países no mundo. O Brasil é o segundo país com mais casos da doença, atrás somente da Índia”, comentam os pesquisadores.

No prefácio do livro, os professores Patrícia Deps e Marcos Cesar Floriano explicam que é comum ouvir frases contraditórias sobre a doença. “Ao mesmo tempo em que entendemos a hanseníase como uma doença milenar, atrelada a um forte estigma, sabemos também que é uma doença curável. Esta dualidade tem convivido por algumas décadas desde a implantação de um tratamento eficiente por meio da utilização da poliquimioterapia (PQT) pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Alguns até acham que a doença não existe mais. Na contramão da eliminação da doença, fato que não ocorreu, ela também é responsável por muitas pessoas com incapacidades”, comentam.

Os especialistas afirmam que, após 40 anos de implantação da PQT, ainda existe um cenário muito diferente daqueles dos tempos da euforia pela eliminação da doença. “De um lado, o número de casos de resistência medicamentosa que parecem surgir com mais frequência e o grande número de pessoas com incapacidades no momento do diagnóstico, sendo muitas delas menores de 15 anos de idade; do outro, o número reduzido de profissionais capacitados para diagnosticar e manejar a doença e suas consequências”, enfatizam.

Colaboração internacional

Hanseníase na Prática Clínica está dividido em 26 capítulos e contou também com a colaboração de 33 profissionais do Brasil, de Portugal e da Inglaterra. Cinco professores da Ufes participaram da publicação: Bernardo Ramos, Jovana Ciriaco, Maria Angélica Andrade e Patrícia Saraiva, do curso de Medicina; e Raquel Baroni, do curso de Odontologia. Além dos professores, 33 estudantes do curso de Medicina da Ufes auxiliaram na revisão de literatura.

A professora Deps agradece aos profissionais envolvidos em sua edição: “Agradecemos imensamente o esforço conjunto dos profissionais de diversas áreas do conhecimento que contribuíram para este projeto e temos a esperança de que este livro auxilie na divulgação do conhecimento e ajude a melhorar o panorama da hanseníase no Brasil e no mundo. De forma inédita, o texto apresenta inovações importantes como um capítulo sobre casos clínicos, saúde única, alterações ósseas e radiológicas, paleopatologia e estigma da hanseníase”.

Hanseníase na Prática Clínica será lançado em dois formatos, impresso e digital. O lançamento em formato impresso está previsto para 10 de abril, na Livraria Martins Fontes, em São Paulo.

Pesquisas

Formada em Medicina pela Ufes, Patrícia Deps é professora do curso de Medicina e do Programa de Pós-Graduação em Doenças Infecciosas da Universidade. Atua na área da hanseníase há mais de 20 anos e, atualmente, participa de um projeto celebrado entre a Ufes e a Centrale Supélec, um dos principais polos de Engenharia da França. O trabalho desenvolvido entre as duas instituições visa estabelecer um modelo matemático para estudar a tendência de casos de hanseníase no Brasil e no mundo.

Em 2020, a pesquisadora realizou um estudo inédito sobre os crânios das catacumbas da cidade de Paris, que foi destaque na revista britânica Annals of Human Biology. Intitulado Leprosy in skulls from the Paris Catacombs, o artigo relata a pesquisa da professora, que estudou 1.500 crânios com o objetivo de avaliar as alterações ósseas típicas da hanseníase, doença que era conhecida no Brasil como lepra.

Em 2019, lançou O Dia em que mudei de nome: hanseníase e estigma (The day I changed my name: hansen´s disease and stigma)A obra, bilíngue, apresenta os resultados do projeto de extensão coordenado pela professora entre os anos de 2014 e 2017, no qual foi avaliada a repercussão do isolamento compulsório das pessoas afetadas pela hanseníase e de suas famílias na sociedade capixaba, incluindo entrevistas com ex-internos do Hospital Colônia Pedro Fontes, familiares, funcionários do hospital e do Educandário Alzira Bley (para onde eram levados os filhos dos doentes, nascidos na Colônia), religiosos, diretor e ex-diretores clínicos do hospital.

Recentemente, Deps foi a única pesquisadora estrangeira convidada a participar da edição francesa do livro Essas questões que você não ousa perguntar para seu médico (Ces questions que vous n’osez pas poser à votre médecin). O livro aborda temas ligados à saúde, respondendo de forma objetiva e direta a dúvidas sobre doenças e condições físicas que geralmente costumam deixar os pacientes em situações desconfortáveis e constrangedoras.

Atualmente, a pesquisadora aparece em 11° lugar na lista dos cientistas com maior número e qualidade de publicações científicas de alto impacto em hansenologia. No Brasil, ela está em terceiro lugar. O levantamento foi realizado por uma equipe da Expertscape, uma instituição que classifica profissionais e instituições na área biomédica.

Vendas

O livro deve estar disponível para venda na primeira semana de abril, mas já é possível fazer reservas pelo site da Editora dos Editores. Para isso, é preciso preencher um formulário indicando nome, e-mail e telefone.

Fonte do texto: Universidade Federal do Espírito Santo

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