FeetHansen
Os desafios vivenciados por pessoas acometidas pela hanseníase são inúmeros e a locomoção é um deles. As alterações da sensibilidade e da força muscular nos pés decorrentes de disfunções no nervo podem comprometer tarefas comuns como caminhar, subir ou descer escadas, além disso, há riscos de lesões e ferimentos na região. Neste cenário, o uso de calçados convencionais nem sempre é possível. É para oferecer mais qualidade de vida a essa população que o Instituto AAL tem o objetivo de implementar as oficinas ortopédicas de confecção de palmilhas e adaptação de calçados, nas principais cidades endêmicas do Brasil.
Assim, a ação FeetHansen foi implementada, em primeiro momento, no estado do Mato Grosso, por meio de um Termo de Cooperação Técnica com a Secretaria Estadual de Saúde do MT (SES-MT), em desdobramento do projeto “Mato Grosso em Redes: Cuidado Integral em Hanseníase”. A iniciativa deu seus primeiros passos em 2020, para estruturar a rede de cuidados integrais para a hanseníase a partir de estratégias inovadoras e permanentes, entre elas, a implantação de três oficinas ortopédicas de confecção de palmilhas e adaptação de calçados para atender as pessoas que tem ou tiveram hanseníase e necessitam de palmilhas confeccionadas sob medida e adaptação de calçados devido às sequelas ocasionadas pela hanseníase.
Devido à pandemia, as atividades iniciaram em março de 2022 e, hoje, a ação está em pleno andamento sendo viabilizado com recursos repassados pela Companhia Internacional da Ordem de Malta contra a Hanseníase (CIOMAL, na sigla em francês), com a qual o Instituto AAL tem sólida parceria. Três municípios mato-grossenses – Alta Floresta, Tangará da Serra e Barra do Garças – tiveram sapatarias implantadas e seus profissionais de saúde treinados pelos consultores técnicos do Instituto AAL.
A Diretora Técnica do Instituto AAL e consultora desta ação, a terapeuta ocupacional e doutora em Ciências da Saúde, Susilene Nardi, explica que o Instituto AAL inicialmente oferece capacitação teórica e prática aos profissionais elencados previamente pelo gestor do município, garantindo que a oficina especializada, a ser implantada, funcione com eficiência. O Instituto AAL cede equipamentos, em comodato, e materiais de consumo específicos para que os profissionais capacitados possam iniciar o trabalho seguidamente à capacitação. Além da disponibilização de recursos humanos para o desenvolvimento do serviço, cabe ainda ao gestor do município destinar o local onde a oficina será implantada e toda a infraestrutura organizacional para que o serviço funcione.
“A capacitação teórica, de 12 horas, é ministrada por mim a distância. Há outras 8 horas ministradas por um fisioterapeuta que atua na região e tem experiência prática. Ele se desloca até o município para ajudar a instalar os equipamentos e já realiza a parte prática da capacitação. Desta forma, os profissionais locais produzem as palmilhas e as adaptações de calçados após criteriosa avaliação dos membros inferiores de cada paciente”, explica Dra. Susilene. Sobre isso, o fisioterapeuta que atua em Alta Floresta / MT, André Brito, complementa: “O paciente é avaliado e, de acordo com a pisada e úlceras plantares, é confeccionada uma palmilha específica. Os resultados são a melhora das feridas e das dores nos pés e o aumento da qualidade de vida, pois o paciente consegue andar e fazer suas atividades diárias”.
Para a Dra. Susilene, o foco em qualidade é uma das marcas das ações que o AAL se propõe a oferecer. “Atingir um grande público e perder a qualidade não é o objetivo, mas oferecer qualidade no atendimento. Com este propósito, o AAL tem oferecido enorme contribuição aos que têm ou tiveram hanseníase e causado um impacto bastante positivo aos que ela assiste”.
A ação FeetHansen também prevê a produção de Sapatos Digitais. Em estudo inédito no mundo, o Instituto AAL implementou uma solução moderna para confeccionar calçados inteiramente sob medida, com tecnologia de ponta. Esses sapatos digitais são indicados somente para os casos de pacientes que não podem adaptar os calçados comerciais, o que representa cerca de 15% dos casos com acometimento neurológico dos pés.
Os pés das pessoas acometidas pela hanseníase são scanneados digitalmente, e os sapatos são adaptados para cada paciente, respeitando as assimetrias dos pés, e as palmilhas são impressas em 3D.
A ação promove uma grande melhoria na qualidade de vida dos participantes, pois esses sapatos promovem conforto, melhor cicatrização das feridas, estabilidade da marcha, aceitabilidade social com a diminuição do preconceito, além de serem produzidos rapidamente e entregues na casa do paciente.
Em 2022, o Instituto AAL apresentou a iniciativa para a comunidade científica internacional no Congresso Mundial de Hanseníase, realizado na Índia, e no Congresso Brasileiro de Hansenologia, realizado em Vitória / ES.
Para saber como implantar uma oficina ortopédica de confecção de palmilhas e adaptação de calçados para pessoas com hanseníase em seu município ou produzir sapatos digitais, entre em contato com a equipe de gestão do Instituto AAL por meio do e-mail [email protected].